Tragédia na Serra. Eu estive lá

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011







(Escrito por Vinicius Ávila)



Nos últimos dias acompanhamos com bastante apreensão e emoção o que aconteceu em decorrência das fortes chuvas que atingiram a região serrana do estado do Rio. Acompanhamos pela TV, rádio e internet os resgates heróicos, a destruição, a dor e a tristeza das pessoas mechem com os nossos sentimentos. Ficamos mais sensíveis e nos mobilizamos para a arrecadação de donativos, muitas das vezes. Oramos eventualmente para que Deus console os familiares das vítimas e dê forças aqueles que perderam suas casas e seus entes queridos. Eu tive a oportunidade e o privilégio de trabalhar como voluntário em Teresópolis e vivenciar parte desses tristes acontecimentos também.


Quando me deparei com alguns relatos de pessoas e principalmente quando estive numa localidade que foi completamente destruída pela força das águas, entendi que era um ótimo momento para colocar a minha fé e os meus aprendizados como cristão em prática. Conheci um senhor abrigado na Igreja Batista em Barra do Imbuí, que usamos como base de operações, que perdeu a esposa, filhos, filhas, genros, noras e netos, num total de 15 pessoas com a invasão da avalanche de água, lama e pedras na sua casa. A localidade onde isso aconteceu ainda não estava com acesso de carros e o corpo de bombeiros e a defesa civil não conseguiam chegar lá. Todos os dias de manhã esse senhor tomava o café da manhã que a igreja oferecia a todos os desabrigados e ia procurar com as próprias mãos os corpos de sua família. Já havia achado e desenterrado quase todos. O que dizer a essa pessoa numa hora dessas?


Estive na localidade chamada Campo Grande, na zona rural. A maioria das pessoas que estavam nas poucas casas que sobraram já haviam sido levadas para abrigos. O cenário era meio lunar, tive a sensação de estar em Marte. Sol forte, um pequeno córrego de cerca de 2 metros de largura, quase sem profundidade. Esse córrego que no dia das chuvas virou um grande e turbulento rio com cerca de 80 metros de largura, por mais de 5 metros de profundidade. E junto com toda essa água veio uma quantidade incontável de pedras que rolaram dos deslizamentos nas montanhas quilômetros à frente. Ao longo do leito desse córrego milhares de pedras, muitas do tamanho de carros, que levaram casas como se fosse papel. Casas ricas e casas simples. Igrejas, ruas, hotéis, pousadas... Tudo destruído e repleto de lama, lama que as vezes chegava a mais de 2 metros de altura, ao ponto de esticando a mão, se encontar na lâmpada de um poste de rua.


Muitas pessoas que perderam tudo. Outras tentando ainda salvar algum documento ou pertence. Um exército de profissionais do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Guarda Nacional, Forças Armadas. Voluntários da Cruz Vermelha, de clubes de montanhismo, médicos sem fronteiras e muitos religiosos de todas as crenças. Todos ali tentando de alguma forma, ajudar a minimizar toda a dor da tragédia.


Nós cristãos evangélicos talvez somos hoje o grupo religioso mais ativo do nosso país. Já somos em alguns lugares o grupo mais numeroso também. Cultos cheios, igrejas avivadas, templos belíssimos. Glória a Deus por tudo isso. Mas, não podemos perder de vista o mandamento que nos fala sobre amar ao próximo como a nós mesmos (Gálatas 5.14) e exercê-lo! Colocar a nossa fé em prática.


E você não precisa esperar a próxima tragédia para isso. Doe um pouco do seu tempo para sua família, para ajudar aqueles que precisam perto de você. Visite um orfanato ou um asilo. Arrume um tempo para ser voluntário em algum projeto social sério na sua cidade. Vamos transformar nossa fé, nossos discursos, nossos louvores e pregações em prática, porque o mundo precisa e eles esperam isso de nós. Fazer o bem, sem olhar a quem. Pense e ponha isso em prática! Related Posts with Thumbnails

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